Evasão é o maior problema do Ensino a Distância
A
evasão dos estudantes é o maior obstáculo para o EAD (Ensino a
Distância), segundo instituições que ofertam cursos nesta modalidade. O
resultado foi obtido pelo Censo EAD.br 2010, o último divulgado pela
Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância). Pela metodologia,
foram considerados alunos evadidos os que não iniciaram os cursos na
modalidade a distância ou os que abandonaram de uma forma ou outra.
A seguir, em segundo lugar como fator
mais desafiador, está a resistência dos educadores à modalidade. Em
terceiro aparecem as dificuldades de adaptação da educação presencial
para EAD e, em quarto, a resistência dos alunos ao novo formato.
As causas de evasão mais apontadas pelas
instituições foram falta de tempo do aluno para estudar e participar do
curso, acúmulo de atividades no trabalho e a dificuldades de se adaptar
à metodologia.
Segundo João Vianney, consultor em
ensino a distância, o primeiro semestre é o principal período de evasão
de alunos no EAD. “Uma parte não se adapta à rotina de estudos
individuais que a modalidade exige e acaba desistindo. Isso acontece
porque ainda há o imaginário de que é possível aprender sem esforço no
EAD, o que não é verdade. Os alunos têm de dedicar entre 12 a 15 horas
estudos semanais para aprender, pois o conteúdo é equivalente ao que se
ensina em uma faculdade presencial”.
Foi o caso de Luiza Caires, 30,
jornalista que se inscreveu no curso de licenciatura em Ciências da
USP/Univesp no início desse ano, como uma segunda graduação. “Apesar de o
curso ser a distância, era necessário ter mais dedicação do que no
presencial. O curso previa duas horas para uma atividade, mas, na
verdade, eu levava seis horas para terminar. Como eu já trabalho, não
tinha tempo suficiente para me dedicar”.
Mesmo sem conseguir se adaptar à rotina
da licenciatura, Luiza afirma que vai insistir na modalidade EAD. “Vou
tentar fazer cursos livres de literatura e de história, que estão sendo
oferecidos pelas universidades norte-americanas”.
Mais evasão em cursos públicos
O Censo EAD.br 2010 indica que as taxas
de evasão são maiores nas instituições públicas do que nas privadas:
dentre os autorizados, a média de evasão é de 22,1% nas públicas ante a
15,8% nas particulares. Para cursos livres, que compreendem cursos de
língua, extensão, entre outros, as taxas de evasão são de 30,9% nos
públicos, e de 20,0% nos particulares.
Na Unopar (Universidade Norte do
Paraná), instituição com mais matrículas no ensino superior a distância
segundo o Censo de Educação Superior 2010, o índice de evasão está entre
10% e 13% no EAD; no presencial é superior a 13%.
“Esse índice pequeno se deve ao modelo
que utilizamos, em que o aluno tem de ir ao polo pelo menos uma vez por
semana para participar de atividades em grupo com os colegas,
acompanhado de um tutor presencial. Isso faz com que os estudantes criem
laços sociais e permaneçam estudando”, acredita Elisa Maria de Assis,
diretora de EAD da instituição.
A diretora de EAD da UVA (Universidade
Veiga de Almeida), no Rio de Janeiro, Jucimara Roesler, afirma que os
índices de evasão do ensino presencial e do EAD são equivalentes. “A
taxa de evasão média [em sua instituição] é de 18% nos cursos de EAD. No
ensino presencial, ela está entre 18% a 20%”, aponta.
Vianney confirma a tendência apontada
nas duas instituições. “Na Unisul Virtual, por exemplo, a taxa de perda
de alunos na educação a distância é menor do que nos mesmos cursos da
educação presencial. Tudo é uma questão do modelo criado pela
instituição e da atenção dedicada ao estudante”.
O consultor aponta, porém, que isso não é
uma regra. “Em instituições que oferecem programas de apoio e de
acolhimento aos estudantes, a taxa de evasão no primeiro semestre
costuma ficar entre 10% e 15%. Mas sem essas iniciativas, a perda na
primeira fase pode passar de 25% do total de matriculados. Em um ciclo
de quatro ou cinco anos, no ensino presencial a taxa de perda média no
mercado fica ao redor de 45% a 50%. Na educação a distância esta mesma
taxa pode chegar a 70%. Mas, tudo depende da qualidade de atendimento
pedagógico que a instituição oferece”.
Fonte: uol
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